SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) – Lugares nos quais a transmissão do causador da Covid-19 continua a ocorrer em grande escala, como o Brasil, tendem a se transformar em fábricas de novas formas do vírus, facilitando o surgimento de variedades mais transmissíveis. A única maneira de evitar que versões potencialmente mais perigosas do Sars-CoV-2 continuem aparecendo é reduzir a circulação do vírus na população, afirmam especialistas.
“Vírus são moldados para sofrer mutações [modificações aleatórias no material genético]”, explica Flávio da Fonseca, pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. “Toda vez que um deles infecta uma pessoa, são geradas dezenas, centenas de mutações, a maioria das quais é deletéria e acaba nem indo para a frente -deixa de existir ali mesmo.”
Embora os invasores virais exerçam algum controle de qualidade sobre seu material genético, às vezes sequestrando mecanismos das células humanas para fazer isso, trata-se de um controle naturalmente “frouxo”, que permite o aparecimento abundante de mutações quando eles se multipli